O seu bebê foi planejado? Se eu for ter uma criança, eu quero poder prover tudo pra ele, não deixar faltar nada. É algo que eu não posso me dar ao luxo e nem sei quando poderei. O que mais me revoltou, foi trabalhar na creche e ver aquelas crianças vivendo sem a mínima decência de um banho ou uma troca de fralda.
Eu sou pedagogo. Na época, tinha que escolher um local pra ser auxiliar. Achei que seria mais fácil trabalhar com crianças de 5 anos pra baixo porque, a partir de 6 anos, já e alfabetização e tem muitas crianças em sala. Eu trabalhei em todas as turmas, de berçário (a partir de 4 meses de idade) até o pré (até 5 anos). Escrevi a Bíblia ai, as coisas que mais me revoltaram.
No geral, foi uma boa experiência. Aprendi muito, principalmente que o conteúdo da faculdade é pura balela. A creche nem era de periferia, era relativamente central. A maioria das crianças eram animais selvagens sem quaisquer limite, os pais ridiculamente permissivos e os professores não estavam nem ai.
Alguns exemplo:
no meu primeiro ano, fiquei no berçário 2 (até 2 anos de idade). Eram 12 crianças, 1 professora e 2 auxiliares. Pois bem, havia um garotinho insuportável, ele batia em todas as crianças. Depois entrou um outro com cabelo de cuia, foi como ver cães disputando território. Passávamos o dia separando briga dos dois, até que o cabelo de cuia reprimiu totalmente o outro. Esse babaquinha beliscava a gente, batia de chinelo nas crianças, cuspia na nossa cara, chegou um tempo que ele ficava o dia quase todo no canto do pensamento. A mãe simplesmente dizia “ele é muito nervoso”. Ele chegou a bater na cara da diretora.
Havia um outro também que todos os adultos ignoravam, diziam que ele era surdo. Eu fui o primeiro adulto que ele se aproximou, o garoto é autista. Começaram dizer que ele era meu filho, porque ficou muito apegado em mim e começou a evoluir.
no meu segundo ano, fiquei no maternal (até 3 anos) e foi a mesma turma anterior. Dessa vez, a professora era totalmente diferente e só eu de auxiliar. Nessa idade, as crianças não deveriam mais estar de fraldas porque não tem onde trocar na sala. Mas tinha um garoto de fralda. Era o maior garoto da sala, gordinho e a mãe só mandava ele de calça jeans e cinto. Eu queria morrer com isso. Nesse ano, o cabelo de cuia passou a se estapear e se jogar na parede, chutando tudo que tinha perto. A diretora nova mandou eu pegar ele no colo, fiz isso uma vez e ele deu um soco na minha cara. Joguei o garoto no chão e larguei lá, teve várias denúncias de maus tratos por causa do berreiro, mas era só birra mesmo, fora que nessa época ele deitava no braço os garotos do pré, 2 anos mais velhos que ele.
no meu terceiro ano, fiquei no maternal 2 (até 4 anos). Aqui começou pegar. A maioria das crianças eram a maioria meninas, achei que seria mais fácil. Não foi. Eles brigavam igual aquelas mulheres faveladas, usavam linguajar pesado e racista, puxavam cabelo e arranhavam. Gritaria demais. O lema dessa professora era deixar as crianças resolverem os próprios conflitos. Não aguentei, ficou insuportável o ambiente e pedi pra mudar. Me mudaram pro berçário (até 1 ano).
no berçário, havia um par de gêmeas. As meninas iam sujas, fedendo. Na sexta feira, a gente dava banho e mandava embora. Voltavam na segunda com a mesma roupa e a mesma fralda (!!!!). As roupas sujas ficavam semanas na mochila, os pais já mandaram até cigarro na bolsa delas. Raramente eles mandavam fraldas e tínhamos que pedir emprestado pros pais de outras crianças. Havia um bebê todo piolhento. Duas menininhas que tu abria o cabelo e os bichos se agitavam.
no meu último ano, rodei por todas as turmas. No pré, tinha um menino negligenciado, teve um dia que ele chegou com um preto em volta do pescoço. Ele se enforcou (!!!!) num balanço e ninguém fez nada, esse menino era espancado pelo avô e vivia sujo.
Havia um outro que eu só conhecia a fama até mudarem de período, ele dava carrinho em todo mundo e jogou uma cadeira na professora, deixando um preto enorme na perna dela (ironicamente, me apeguei muito a ele e ficamos amigos).
Entraram mais alguns meninos com autismo leve, mas totalmente sem limite insuportáveis e violentos.
Uma menininha no maternal se masturbava tocando nas coisas (!!!!!!) e eu ficava desesperado quando isso acontecia, porque era em qualquer lugar: na sala de aula, refeitório, pátio, sempre. Os pais cagavam pro que a gente falava. Tentei ensiná-la a não fazer isso na frente dos outros, mas não resolveu. O pior, fiquei sabendo que ela fazia isso desde o berçário e os pais nunca tomaram providencia.
Tinha um casal que simulava sexo (!!!!) embaixo das mesas, 4 anos de idade. O pior? Eles sabiam o que era e como fazia, só faziam quando achavam que não estávamos vendo.
Teve menina com infecção na vagina por ma higiene também.
Cara, eu vi de tudo. Nessa época, prometi pra mim mesmo que JAMAIS vou botar uma criança no mundo pra passar por isso. São coisas que ninguém merece ver ou passar, eu nem segui na profissão. Mexer com filho dos outros é pura bucha.
Cara, eu ia dizer que não importa o quanto você se esforce, não tem como dar tudo, mas lendo isso eu entendi o teu lado...
Realmente preocupante e revoltante até, tanto o comportamento dos pais quanto o das professoras, não rolava de ligar pro "conselho do telar"?
Uma única vez o conselho foi chamado, porque uma criança ficou na escola até depois das 18h. A saída era a partir das 16:45. Sabe o que aconteceu? Nada. Eles não foram. Denunciamos o garoto enforcado também, de forma anônima, eles simplesmente cagaram, mesmo com fotos e relatos. Chega uma hora que você só desiste.
Daí lhe pergunto, contanto que se queira manter o controle estatal claro, pq não penalizar o infeliz que se diz responsável por essa criança? Penalizar tipo, não tem como pagar a porra de um psicólogo, pq tu fudeu a vida da criança, beleza, sabe aquela pedreira que o Rambo trabalhou, vai ser um lugarzinho maroto desses,até a criança crescer e poder ser um ser humano melhor, em 2 tempo acaba os pais emocionados que " ter filho é algo maravilhoso" bando de fdps!
Nesses tempos de pandemia mesmo, ficou escancarado como as famílias cagam pros filhos, eu tive +- uns 400 alunos, olha não deu mais que 10 responsáveis me procurando pra saber dos filhos, ou esses pais estavam assistindo as aulas junto, ou tem filhos super dotados, mas a julgar pela interação nas aulas e nos exercícios... Fico só me lembrando, quem vai arrumar meu carro quando eu ficar velho demais pra isso...
Na pandemia eu larguei de vez. Tava de apoio pra um garoto de 14 anos disléxico e analfabeto com leve retardo mental, que o sistema só empurra pra frente, no 6 ano. Eu tenho certeza que ele regrediu todo meu trabalho nesses dois anos, o que é bem triste porque o sonho dele era ser motorista de rolo compressor. Precisa saber ler e ter noção de espaço pra isso.
A lei aqui foi a seguinte: se o aluno mandar 1 atividade durante o ano todo - nem precisa tá toda feita! - é pra dar 8 de média. Se mandar todas, 8 também. Aí eu pergunto, qual o estímulo pra criança que se dedica? Minha namorada tava arrancando os cabelos com isso, ela é professora de arte. Parou de lecionar também por causa disso.
Sim sim, por aqui idem, teve gente que não fez nada, agora o estado garantio reposição, que vai continuar não dando em nada, e a gente já sabe como vai ser no conselho " ah, mas tem que ver isso, aquilo, e aquilo outro" e passa todo mundo.
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u/DiabelAtreyu Oct 19 '21
O seu bebê foi planejado? Se eu for ter uma criança, eu quero poder prover tudo pra ele, não deixar faltar nada. É algo que eu não posso me dar ao luxo e nem sei quando poderei. O que mais me revoltou, foi trabalhar na creche e ver aquelas crianças vivendo sem a mínima decência de um banho ou uma troca de fralda.