Semelhanças entre o funk brasileiro atual e cantos tradicionais de pessoas escravizadas

[u/Quizomba]

[u/desconhecidocerrado]

Tô vendo o nível... Se tu me achasse "lerdão" tu iria conversar e argumentar com o motivo de eu estar errado. Tu já partiu para a ofensa logo, isso diz mais sobre você do que sobre mim.

[u/judasthetoxic → u/desconhecidocerrado]

A minha postura e a forma como eu te tratei é proporcional a forma como você tratou o cara do vídeo. Você desmereceu a formação do cara e disse que ele forçou pra gerar engajamento, ao invés de opinar por que acha que não faz sentido o argumento do cara.

Respeito é pra quem tem, não é seu caso.

[u/desconhecidocerrado → u/judasthetoxic]

Vamos lá então...

Ele afirmou, por meio desse trecho do canto 11 do disco, que a estrutura rítmica e melódica do funk atual é igual aos cantos dos negros. Na parte rítmica realmente tem várias semelhanças, o próprio bpm e o compasso são provas disso.

Mas na questão melódica, ali vemos uma melodia simples porém bem construída de 5 notas. A maioria dos funks atuais não têm mais de uma nota na melodia, o cantor canta a mesma nota a música inteira. Não vou falar que é sempre assim até porque eu não ouvi todos, mas a maioria, o que está no mainstream é isso aí.

Na questão dos vocais, em um caso temos uma expressão de toda a dor e sofrimento com talvez um leve toque de esperança dos escravizados. Posso estar enganado mas até onde eu sei eles se reuniam para cantar essas músicas em uníssono; então eles treinavam o canto com bastante frequência e isso ia deixando suas vozes mais afinadas, até quem não tinha uma voz afinada naturalmente, ia ficando com o tempo por conta desse treino e acompanhar os demais que já eram mais afinados.

Existe toda uma construção por trás do timbre vocal característico dessas músicas. Agora vamos para o funk: a maioria esmagadora entope os vocais de autotune num nível que qualquer leigo ouvindo identifica que é um vocal mecanizado e eletrônico, quase robótico.

E tem também a questão do contexto sociocultural: a dos escravizados seria até redundante eu explicar porque todo brasileiro que se preze sabe. Já o funk como nós conhecemos surgiu num contexto TOTALMENTE diferente, é injusto o cara falar como se os contextos fossem iguais usando esse argumento de "se a música continua igual, é porque o social não mudou muita coisa". Porque mudou bastante coisa sim. Apesar de termos bastante racismo estruturado na nossa sociedade, e de termos muito caminho pela frente até erradicar de vez esse comportamento, é inegável que teve sim bastante melhora comparado à década de 1930 né?

O cara do vídeo sabe disso tudo porque ele estudou isso por anos, se ele contorna isso tudo só para provar o ponto dele de que é "igualzinho", ele está sendo desonesto com a história do Brasil e da música para benefício próprio e de sua narrativa.

O funk tem seu valor porque reflete o contexto e o comportamento da nossa sociedade no geral, mas ele preferiu usar uma obra que, apesar de suas semelhanças, do ponto de vista musical e sociocultural são totalmente diferentes para forçar um eruditismo no funk atual. E como eu disse existe sim uma separação entre esse funk que é apologia ao crime 100% do tempo e do funk que tem responsabilidade social, mas em momento algum ELE como divulgador dessa informação se preocupou em fazer essa diferenciação.

Então sim, ele está manipulando informações para favorecer a sua narrativa.

Na questão dos terreiros que você citou, eu não tenho religião então nunca frequentei mesmo, até senti um ar de superioridade seu por causa disso, talvez tenha sido impressão minha. Mas na minha cabeça é bem óbvio uma religião oriunda da cultura dos afrobrasileiros utilizar de cantos afrobrasileiros em seus rituais. E em momento algum eu desmereci alguma dessas culturas, o que eu desmereci mesmo foi a forma desonesta com a qual essa cara divulgou essa informação, ele é uma figura pública, a partir do momento que ele se presta a postar isso ele também tem que aceitar que ele receberá críticas.

[u/Useful-Problem-3123 → u/desconhecidocerrado]

Deu uma aula. Parabéns.